“Eles virão bater-te à porta”: Música e mobilização social em período eleitoral em Moçambique

Lançamento de música e discussão

Nota conceptual

A música popular e a capacidade dos músicos populares na mobilização social, política, económica e de gerar coesão grupal dos diferentes grupos sociais, principalmente jovens, foi desde o período de transição do sistema socialista para democrático, reconhecido pelos partidos políticos e mais recentemente no inicio dos anos 2000 pelas Organizações Não Governamentais (ONGs) como instrumentos para formação cidadã e mobilização social  (Manhiça et al., 2020; Taela et al., 2021).

Os partidos políticos têm cooptado alguns artistas populares para produzirem músicas de campanha eleitoral e preformarem nos seus eventos de campanha. Alguns artistas o fazem em troca de cargos políticos principalmente na assembleia municipal e os outros o fazem na esperança de obterem contratos para actuação em eventos públicos organizados pelo governo ou ainda para obterem patrocínio das grandes empresas que tem a elite política como seus acionistas, em seus eventos.  

As ONGs interessados em impulsionar o engajamento político juvenil e reduzir os altos índices de abstenção eleitoral, passaram a envolver os artistas ou as suas expressões artísticas, principalmente música em processo de formação cidadã e mobilização social  (Manhiça et al., 2020; Taela et al., 2021). Em Maio de 2017, o Parlamento Juvenil, ONG que promove direitos e deveres dos jovens, criou o programa A lua do cidadão onde promoviam eventos designados “combate dos excluídos”, no mesmo a arte e cultura eram usadas na construção de uma sociedade mais activa. Em Dezembro de 2017, a Fundação Mecanismo de Apoio à Sociedade (MASC) lançou Hip-hop de governação que era uma série de festivais ao nível nacional que combinavam música, poesia e debates públicos com objectivo de proporcionar aos jovens plataforma para construção da cidadania. Por fim, o consórcio Votar Moçambique criou o festival Hip-Hop pelo meu futuro, com o objectivo de elevar a consciência dos jovens sobre as eleições municipais e a importância de votar.

Desde Janeiro de 2022 O consórcio composto pelo Centro de Estudos Urbanos de Moçambique, Movimento sociocultural Criar Moçambique e a Plataforma Jovens Líderes de Moçambique desenvolve o projecto Juventude Arte e Governação Inclusiva nos municípios de Chimoio e Quelimane, com vista a engajar jovens na produção e disseminação de conteúdo artístico que promove a formação cidadã e governação inclusiva. Um dos produtos deste projecto é a música “Eles virão bater-te à porta” que instrói os cidadãos sobre como agir em fase eleitoral

Neste contexto, no dia 29 de Setembro,  Orange Corners, Av Kwame Nkrumah nr 324, terá lugar o lançamento da música “Eles virão bater-te à porta” e uma reflexão conjunta sobre música o uso da música pelas organizações da sociedade civil  e partidos políticos para  mobilização social em período eleitoral em Moçambique.